milhorey

Thursday, September 29, 2011

EMIGRAÇÃO OUTRA VEZ!

Nasci e resido numa região de emigração. Os residentes desta zona do país - distrito de Leiria - não se submetem aos subsídios de desemprego. Partem e vão à luta lá fora. Sempre foi assim. Nos anos 50 e 60 do século passado dá-se a grande força de saída de homens procurando melhores condições de vida, fugindo à guerra em África ou pura aventura. Mais tarde começam a ir as mulheres. Com uma Europa a sair de uma grande guerra, havia que reconstruir as grandes cidades europeias e aí estavam os nossos homens que eram todos pedreiros ou ajudantes de pedreiros, mesmo que nunca o tivessem sido em Portugal.
A partida era dura, o percurso era terrível, porque a maior parte ia «a salto». Os passadores levavam-nos até à fronteira e aí abandonavam cada um à sua sorte. Caminhavam de noite, por montes e vales fugindo sempre, sem nada conhecerem. À chegada as condições eram precárias: vida em barracas, água transportada do rio Sena em latões de óleo, cada um fazia a sua comida e dormiam juntos aos grupos, com tudo o que isso implicava: mau cheiro, doenças, «rôncos» e sujidade.
Transportavam consigo muitos sonhos, dos quais falarei mais tarde.

Hoje a situação difícil que o país atravessa está a levar a segunda geração destes homens outra vez para a Europa, sobretudo para a França.
Contudo, hoje é pior do que ontem, porque não existe esperança. Toda a Europa está em crise e os trabalhadores que antes, em más condições, lutavam por melhorar e conseguiram, hoje tudo se deteriora: não há direitos, não há justiça, não há condições de residência, nem de trabalho e alguns regressam sem receberem, se quer o que lhes é prometido.
É o «homem-predador» à caça do outro homem.

Em tempo de crise tudo o que se conquistou em anos sucessivos de grandes lutas democráticas, desmorona-se como castelos de cartas.
Voltarei a este assunto,
Um abraço,
Ercília

Wednesday, September 28, 2011

OS PINGOS DE OUTONO!

Começa a chover, devagarinho, pingo entre pingo. O outono torna cinzento o céu, todavia dá-nos a serenidade, corta-nos o cordão umbilical com o stress e o bulício do verão.
É tempo de parar, de meditar!
É tempo de fazer o balanço à vida: - recolhermos os cereais, se os semeámos, fazermos as vindimas, se temos uvas...

Prevê-se que o inverno seja frio, húmido e rigoroso.
Pelo menos é o que nos tem sido dito nos discursos que o mundo nos dita. Não sabemos se teremos primavera na hora dela, ou quando ela chegará.

Mas então, aconcheguemo-nos no cobertor quentinho da nossa esperança, e aguardemos que as tempestades passem sem nos molestar demasiado.

Para já saboreemos os pingos grossos das primeiras chuvas, com o belo cheiro a terra molhada.

Um abraço para todos quantos nos lêem, e o nosso obrigado,
Ercília

Friday, September 09, 2011

TALVEZ AMANHÃ!

Sento-me no chão
para sentir o frio.
Marco na terra a flor de maio.
Não estão lá os paus cortados
nem as pedras
que procuro.
Escuto o silêncio!
Não vejo a lua nem as estrelas,
o céu está escuro.
Ind'assim sinto a presença do infinito,
mesmo sem luz
ou reflexo.
Deixo-me balançar
na nuvem escura que me cerca,
e espero o amanhã chegar...

Com um abraço especial
Ercília

Sunday, September 04, 2011

NOVO ANO ESCOLAR

Tenho comigo a revista do jornal «Expresso» a «Revista Única» que fala do ensino em Portugal, as suas dificuldades e tragédias mas que nos enche de esperança no futuro, embora esse futuro ainda esteja «lá» por via das circunstâncias actuais. Portugal talvez tenha tido sorte em ter a crise que tem, porque, talvez seja o momento adequado à mudança que tão necessária é e sempre foi adiada. Oiço as pessoas e sinto que se estão a adaptar a um novo estilo de vida. Oiço as pessoas e sinto que, sobretudo neste campo da instrução/ensino versus cultura/desenvolvimento, as nossas vidas podem ser enriquecidas, não com dinheiro mas com conhecimento...
Seria tão bom!
Se assim for, os nossos netos serão muito mais felizes do que nós fomos.
Assim seja!

Um abraço,
Ercília