milhorey

Wednesday, April 11, 2007

Monte Mitucué - Niassa - Moçambique

(Monte de Mitucué - monte sagrado dos macuas)
Óleo sobre tela
Ercília 2001
Pintura realizada a meu pedido recordando os tempos passados no Niassa. Embora em tempo de guerra, hoje recordo com saudade aquela gente, aqueles povoados, o maravilhoso clima, a terra vermelha, o por-do-sol, o cheiro a terra molhada!
Olhando esta pintura sinto vontade de lá voltar.
CMRS

2 Comments:

  • Carlos Ribeiro da Silva! Para mim serás sempre o Carlitos!
    A propósito do Moçambique e Niassa, vou finalmente partilhar contigo um texto que escrevi em 1969, com 14 anos, quando me foi pedido que fizesse uma redacção sobre o dia mais triste da minha vida. Embora pudesse fazer algumas alterações/correcções, vou optar por transcrever o texto tal qual o escrevi na altura.

    «'Adeus amigo'

    Adeus amigo: o triste que é dizer adeus a um amigo e sobretudo a esse amigo a quem eu disse adeus, que era e é, sem dúvida, um dos meus melhores amigos.
    Foi num dia chuvoso e com muito vento e frio. Acordei, de manhã; tinha eu então dez anos.
    Era essa manhã tão triste, que pouco goste de recordar, pois com ela vinha a despedida de um amigo, que para mim era um irmão, Órfão de pai e mãe foi criado junto de mim. Chegou a hora de embarcar para Monçambique na difícil missão de defender a Pátria.
    Ainda me lembro dos choros de quase todas as famílias que viam partir para uma possível morte todos aqueles seus entes queridos.
    Eu e meus pais ali, no cais de Alcântara, tentávamos ver alguém conhecido, e conseguimos ver uma irmã desse amigo que partia.
    Falámos com ela, e ela disse-nos:
    - O Carlitos vai para aquele salva-vidas - indicou-nos com o dedo - e daí acenará com uma bandeira.
    O meu olhar imediatamente se desviou para esse mesmo salva-vidas, e esperei, esperei, e de repente vi alguém que acenava com uma bandeira, e notei nesse alguém, a pessoa de um dos meus melhores amigos. Gritei-lhe pelo nome e acenei com os braços; ele viu-me: viu-me, e como era hábito dele começou a brincar commigo fazendo gestos para que eu fosse ter com ele, e depois, com outros gestos, fez como se estivesse a manejar uma arma de fogo, e eu compreendi o que ele queria dizer: era a chamar-me para eu ir com ele para a guerra. Nos meus olhos surgiram duas lágrimas, e seguidas dessas duas, mais e mais até ue dei em chorar. Chorei e continuei a chorar mais, quando o barco, o 'Niassa' deu os seus barulhentos apitos, e começou a afastar-se da amurada do cais.
    Vi ainda pessoas que também choravam e até vi desmaios.
    Hoje, encontra-se de novo entre nós, e eu sinto-me feliz por isso, porque é um amigo, um amigo que não me desafia para algo que seja negativo para mim, mas sim um amigo que dá conselhos, e bons.»

    Um grande abraço para ti Carlitos e uma beijoca para a Cilita do sempre amigo Sérgito

    By Anonymous Anonymous, At 6:38 PM  

  • bem tia abri o comment para elogiar o quadro fantastico que aí apresentava e deparei-me com uma reflexão de um miudo que ja muito sabia da vida...
    uma agradavel surpresa sem duvida!!
    de qualquer forma reforço que o quadro esta fantastico!! continue!!

    beijinho doce
    Mónica

    By Anonymous Anonymous, At 5:04 PM  

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