milhorey

Saturday, April 21, 2007

Uma desilusão da cidadania

Um traço comum aos homens da minha geração é sem dúvida a guerra colonial.
As comissões dos expedicionários normalmente duravam mais de 24 meses acrescidos de mais 2 meses de viagem em barco (para quem ia para Moçambique, que foi o meu caso)
A vivência 24 horas em comum trouxeram uma grande camaradagem e criou amizades para sempre. Pelo que ainda hoje se fazem encontros anuais dos antigos militares.
É a altura de se fazer o inventário dos que, entre duas reuniões, morreram, os que já se reformaram e quantos netos já têm.
De vez em quando aparece um ex-militar que nunca veio.
É a festa. De início poucos o conhecem mas com mais convívio já toda a gente se recorda do camarada arredados dos encontros.
Este ano apareceu o cabo foto-cine que andou ausente por esse mundo. Agora reformado veio para dar um abraço aos amigos.
Mas estava triste. Aproximei-me dele para o consolar e ele desabafou as suas mágoas.
Disse ele: "Vê bem. Corri o mundo e agora que me reformei pensei que com tempo disponível e sem problemas financeiros, poderia ser útil à minha terra-natal. Concorri a Presidente da Junta de Freguesia e ganhei.
Estava a fazer bom trabalho e como era do Partido do Presidente da Câmara e do Governo julguei que havia todas as condições para "brilhar".
Eis se não quando me tiraram a escola primária, a extensão do Posto Médico e o que mais se verá."
Mais uma vez um cidadão bem intencionado se desilude.
CMRS

1 Comments:

  • Esta é uma ladaínha muito ouvida, mas que não deve comover ninguém.
    De facto, os Autarcas receberam do poder central e da Europa milhões e milhões de contos, e a maior parte que fez?
    Obras de fachada para ganhar eleições. Onde está a criação de empregos, sem ser na Administração Local? Isto de ter uma escola para 5 crianças e um posto médico 24 horas, com médico para chamar a ambulância para transportar doentes mais graves, merece uma reflexão séria. Não teria sido melhor ajudar empresas a criar emprego, construir pequenos hospitais de rectaguarda, partilhar serviços com municípios e freguesias vizinhas?
    E para terminar uma pergunta:
    Pode Portugal, país de tão pequenas dimensões, continuar a ter Trezentas e tal Câmaras e Mil e Tal Freguesias? Quem tem coragem de alterar esta divisão administrativa?

    By Anonymous Anonymous, At 10:36 PM  

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