Nada ficou como dantes - Maio de 1968

40 anos depois, toda a comunicação social traz suplementos com comentários, fotos e videos relativamente a um dos acontecimentos mais marcantes do século passado - o Maio de 1968 que, em Paris e por toda a França, foi palco de grandes manifestações de estudantes e de trabalhadores. Durante um mês a sociedade francesa tremeu e o acontecimento teve consequências no mundo inteiro.
Mas o ano de 1968 foi fértil em outros acontecimentos tão importantes como aqueles.
Desde logo, aqui em Portugal com a queda de Salazar o que representou uma esperança de que viessem mudanças na política nacional. Infelizmente Marcello Caetano que o substituiu nada avançou nas reformas necessárias, sobretudo na questão da Guerra do Ultramar.
Em Praga, Alexander Dubcek experimentou reformas que logo foram reprimidas pela invasão das tropas soviéticas. Esta invasão trouxe várias fracturas nos partidos comunistas da europa ocidental com o PC francês a condenar e Cunhal a apoiar.
Nos Estados Unidos os assassionatos de Luther King e de Robert Kennedy levantaram toda uma nação em protestos a que se juntavam os críticos da Guerra do Vietname.
Foi em 1968 que, naquele cenário de guerra, houve uma grande inversão do seu curso com o Vietcong a invadir o Sul, donde nunca mais sairia.
Outro acontecimento muito importante foi o protesto nos Jogos Olímpicos do México com dois atletas norte americanos que, no acto de receberem as medalhas, o fizeram descalços e erguendo os punhos "black power" cena que correu todo o mundo, incluindo em Portugal, onde ainda havia censura.
Não menos importante, o movimento que se criou na Igreja Católica com a Teoria da Libertação, que surgiu na sequência das grandes mudanças originadas pelo Concílio Vaticano II.
Por esta altura também estávamos em pleno movimento «hippie» que trouxe novos costumes e atitudes à juventude.
A minha geração viveu intensamente tudo isto mas, somente em 1969, com o movimento estudantil e com as eleições legislativas se sentiu alguma renovação, todavia muito ténue.
Valeu a pena.
Carlos Ribeiro da Silva.