NOITE DO ROUBO
A quem foram roubar os pobres trapos:
A mim, que sou humilde pobrezinho?
Olhem bem que o valor desses farrapos
Está em ter minha avó fiado o linho.
Ó rocas a fiar, contos de fadas!
Eu tinha-lhes amor e a simpatia
Que vem das saudades de algum dia,
Longe, das velhas noites seroadas.
Bragais de minha casa, e as roupas feitas
Por mãos de minha mãe, muito me assusta
Que os tomassem perversas mãos suspeitas.
Ah! mãos do furto, olhai, trazei-me à justa
Os meus linhos -suor dumas colheitas-
E amor dos meus que a mim muito me custa
Afonso Duarte.
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