milhorey

Monday, June 18, 2007

Para se gostar de África é preciso ter lá vivido


Não deve haver ninguém que tivesse vivido em África que não ficasse apaixonado por aquele Continente. Sobretudo pela África sub-sariana.
Porque, para se gostar de África, do seu povo e do que ele nos ensina, é necessário ter lá estado. Estado junto, ser-se como eles.
A experiência dos militares que foram mobilizados para a guerra colonial foi muito importante para esse conhecimento mútuo.
Eu, pela minha parte, não trocava nada por isso.
Aquela Gente, de outras culturas ficaram-me no coração e ainda hoje, cada vez mais, sinto saudades.
Depois desta minha introdução gostaria de compartilhar consigo parte de uma entrevista de Luís Amorim de Sousa na revista TABU do Semanário O SOL de sábado.
"......Há uma África que entra pelo coração adentro com uma violência espantosa, porque se está perto da vida e da morte, e têm de se tomar decisões terríveis. Há uma generorisidade naquele continente (comoveu-se)
O Ocidente traíu a África. Aparecem uns pinóquios do Banco Mundial, e umas pessoas formadas por não sei que universidades, que têm muito a dizer sobre África, programas de auxílio, isto e aquilo. Mas não viram nada, não têm noção das consequências, dos limites que se impõem quando criam organizações para fazer chegar coisas a sítios, e as pessoas acabam por não receber, ou quando recebem , às vezes, a ajuda acaba por prejudicar o esforço de se governarem por si. Tudo isso é de uma complexidade espantosa, e não sei nada desse mundo, mas irritam-me esses pinóquios que vêm de pastinha na mão com viagens em primeira classe, que vão falar com todos os ditadores do mundo, e no continente africano há vários, são quase todos, infelizmente, e fazem lindos programas de recuperação, e no meio disto tudo as populações continuam a morrer à fome, de doenças, e à míngua de tudo, num continente abundante, generoso e fértil....."
Infelizmente esta é a grande realidade de África. Continente rico, em pedras preciosas, em petróleo, em agricultura etc. Mas a maior riqueza de África é a sua gente, de uma cultura própria, que tem sido sempre enganada. Antes pelos colonizadores, agora pelos déspotas e corruptos.
Esta desgraça é fruto da Conferência de Berlim de 1884/1885 que distribuiu pelos países colonizadores a África com critérios que nada tinham a ver com a geografia humana dos seus povos. Depois a OUA decidiu aceitar como boas essas fronteiras já que a haver correcção, calculavam eles, poderia trazer disputas sangrentas. Afinal o que se verificou é que o sangue tem estado em constante derrame naquele grande Continente.
Carlos Ribeiro da Silva

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