EIS UMA LINDA HISTÓRIA!

Esta é verdadeira, foi acompanhada por mim e passou-se há cinquenta anos...
Eu era então muito jovem e o tempo era de fome em alguns lares desta aldeia. No meu, não havia fome, embora não houvesse fartura... mas vamos à história:
Um caçador tinha uma cadela de nome "carriça" - linda cadela de porte atlético e boa raça. Nesta casa,porém, a fome morava lá, e a cadela tinha que usar de habilidades para se sustentar (assaltava os currais dos porcos para comer com eles, no verão invadia vinhas para comer as uvas e no tempo dos figos era um fartar de barriguinha).
Este caçador tinha um irmão, que vivendo em Lisboa, vinha, todos os meses de Agosto passá-los à sua aldeia cuja distância rondam os dois quilómetros, e a cadela mudava-se para lá imediatamente. Um ano acontece que a cadela tem cães pequeninos... e, leva de os transportar um a um (pegando pelo pescoço e transportando cada um até um sítio, vindo buscar outro e outro, talvez uns três ou quatro, nesta andança, num percurso de dois quilómetros, todos sabem como as cadelas transportam os cães). Porém, ela tem que atravessar uma ponte velha, feita em paus, a certa altura do percurso, e um cãozinho cai à água. A cadela vê o cão ir na água, mas ele já sabe nadar, a natureza o ensinou e ela ladra, ladra aflita, na berma e chama a atenção de uma camponesa que lhe acorre e lhe salva o cão...A mulher não larga o cãozinho e leva-o consigo e à cadela pensando que aquele é filho único. Ora nenhuma cadela, em circunstâncias normais deixa um estranho pegar um seu filho...mas aquele ficou com a senhora...a cadela seguiu o seu percurso, levando os outros para o final e, todos os dias dava mama aos cães todos, uns em casa do homem-irmão do caçador e ao outro cuja senhora lhe tinha ficado com ele...
Eis uma história verídica que me apraz contar e que demonstra a inteligência de um animal maravilhoso que é o CÃO.
Mas tenho outra que vos contarei amanhã...linda também.
Um abraço,
Ercília