milhorey

Friday, February 22, 2013

HISTÓRIA DO PPD/PSD vivida por mim ( parte 3 )


A certa altura fui convidada pelo PS local para integrar a comissão de moradores da zona da minha residência em Queluz. Nela se desenvolviam tarefas de melhoramentos, conflitos sociais e outros. Eu estava na politica a tantos por cento. No meu trabalho havia reuniões a meio da manhã e a meio da tarde para nos lavarem o cerebro - aí era o MDP/CDE (um braço do PCP) o partido mobilizador. Dentro das salas de trabalho eram colados cartazes de «Força Camarada Vasco» ou «Povo/MFA». Eu, como era democrata aceitava aquilo, aliás, eu via que não havia trabalho e cada vez havia mais empregados, todos filiados no MDP/CDE ou no PCP. Nesta altura já o Partido Socialista estava a cair em desgraça e também os seus militantes eram considerados fascistas e já estavam a ser saneados, nomeadamente dos jornais e das rádios e televisão.
Em Queluz continuavamos a nossa militância que incluia actividades culturais diversas (teatros, leitura de poemas, aulas para os mais pequenos porque, nas escolas, não havia aulas dias seguidos, etc). À noite colávamos cartazes que eram rasgados nas horas seguintes. A certa altura tivemos que colocar piquetes de guarda aos cartazes para eles se aguentarem, pelo menos dois ou três dias.
O nosso portão de entrada (porque se tratava de uma garagem) era destruido com pequenas bombas. Um dia cheguei lá e estavam dentro armas de defesa. Fiquei indignada e disse aos militantes: se entram aqui armas, eu saio e nunca mais entro...
Aqueles homens maravilhosos nunca mais levaram qualquer arma e entenderam muito bem a situação. Passei a respeitá-los ainda mais por terem entendido o que, uma menina que eu era, sem qualquer expressão, lhes conseguiu dizer e eles aceitaram.
Sá Carneiro adoeceu gravemente e afastou-se do Partido para se tratar em Londres.
Muitos de nós ficámos tristes e desmotivados. Eu aproveitei para deixar Lisboa, onde a vida era muito dificil e o meu desgaste fisico era muito grande. Em 1976.
Na provincia fiz um interregno e, cansada que estava da politica, pensei em deixar a militância politica para sempre.
Porém, eu era jovem e o bichino estava lá.
Assim, em 1983 (?) voltei. Voltei à politica com o FMI e o Bloco Central que eu contestava...

Fui, primeiro a uma reunião para ver o que pensavam os militantes locais, já que me tinham dito que o Partido no Norte era muito reaccionário. Aliás já se tinham dado aquelas intervenções diabólicas de caça aos comunistas, com sedes incendiadas, e havia uma revolta muito grande contra o comunismo, de certo modo incentivada por Mário Soares que lançou de norte a sul uma campanha contra o PCP, denunciando todas as atrocidades cometidas na União Sovietica por Estaline e outros dirigentes.
Porém adorei todas as intervenções feitas. Achei que os militantes eram democratas e muito conhecedores da politica. E vim a saber que o seu principal dirigente era um homem muito culto, honesto e tinha feito parte de um grupo de intervenção contra o regime de Salazar.
Fiquei presa ali. O seu principal dirigente estava gravemente doente (veio a falecer pouco tempo depois), e era urgente fazer a renovação da comissão politica local.

CONTINUA...

Um abraço Ercília

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