Simplexidade para a transmissão de propriedade rústica

Muito se tem falado e escrito sobre a agricultura, mas quase todos se esquecem do maior problema da mesma que é a estrutura fundiária que se verifica em quase todo o país.
Quem viajar de comboio e atravessar, por exemplo o concelho de Pombal, verifica que quase todas as propriedades estão abandonadas. Mas seguindo de comboio e ao passar pelo baixo Mondego parece estar noutro mundo: tudo cultivado de arroz e milho. Aqui no Baixo Mondego fizeram o emparcelamento com excelentes resultados.
Igualmente no Baixo Arunca se verifica tudo cultivado, mas aqui o processo foi outro. Os proprietários verificaram que não era rentável cultivar as suas pequenas parcelas e arrendaram-nas a lavradores que as juntaram e com essa nova dimensão já era rentável o cultivo sobretudo de arroz.
Poder-se-á dizer que foi uma espécie de emparcelamento.
Então se a dificuldade é a estrutura fundiária porque não o estado promover e incentivar os pequenos proprietários a juntar as suas pequenas courelas?
Há um país europeu que tinha o mesmo problema que nós e o que fez?
Disse às pessoas o seguinte: Juntem as vossas propriedades que nós tratamos de toda a papelada respeitante à transferência de propriedades até x hectares. A transmissão é completamente gratuita e facilitada
Ao mesmo tempo incentivou com campanhas convincentes os proprietários a fazer o emparcelamento, sem coação, voluntária e sem custos.
Este aspecto dos custos da transferência é muito importante porque tenho tido contactos com vizinhos para trocar propriedades e, invariavelmente, me respondem: sim mas não trato de nenhum papel – tal é o horror à burocracia.
O emparcelamento poderá ser feito nos terrenos agrícolas como nos florestais onde o problema é igual.
Então senhores políticos que têm o poder: façam o simplex para a estrutura fundiária a que poderiam chamar a SIMPLEXIDADE.
Carlos Ribeiro da Silva